Ideossincrasia Viajante/Caseira

Foto do clássico miojo com ovo retirada do site http://img523.imageshack.us/img523/5020/dsc00407k.jpg

É curioso como o mundo das viagens e o mundo normal (no melhor sentido da palavra) são diferentes. Quando se está na estrada o tempo todo, ir de Lima a Buenos Aires parece a coisa mais comum do mundo. As vezes comento com algum amigo que tenho um tour de 1 mês saindo de Santiago do Chile passando pela Argentina, Uruguai e terminando no Rio, como se isso fosse ir ate a padaria comprar um pão. Acho que eles já se acostumaram comigo e já não comentam mais nada. A cada vez que volto a Orrameuland, a minha querida cidade natal, percebo as discrepâncias.

Em algum momento, esqueci que o que todo mundo faz é trabalhar de segunda a sexta, que não dá tempo de viajar e de que a grana para isso é curta. Imaginem só, amigos leitores, como seria totalmente inviável para um ser humano normal fazer todo esse roteiro.

Esqueço também o quão importante são as coisas comuns, corriqueiras e cotidianas que todo mundo faz, muitas vezes até a contra-gosto, mas que são as que nos ensinam a viver e nos fazem mais próximos, conhecedores e entendedores da nossa própria cultura. Poderia mencionar: lavar louça, cozinhar, resolver um pepino com uma conta qualquer, fazer supermercado, consertar o carro, assistir tv, ligar pra central de atendimento da tv a cabo pra reclamar que o sinal esta ruim, abastecer o carro.

Este tipo de atividades, nos coloca em contato com pessoas que nos prestam algum tipo de serviço, pessoas que tem historias, vontades e a sua maneira própria de agir, tudo isso dentro de uma cultura local. SIM! São Paulo tem cultura local.

Faz parte da nossa cultura correr a semana toda, pegar trânsito e descer pra praia sempre que da uma folguinha. Há todo um ritual e uma maneira de ser e fazer por trás disso. A cervejinha depois do escritório tem que estar bem gelada. Há os xingamentos típicos do trânsito: Vai pra cozinha, dona Maria! Os pára-choques de caminhão: Mais vale acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão. Os bordões das propagandas de tv: Nem a pau Juvenal! O almoço de domingo na casa da sogra, o futebol sendo fervorosamente discutido no boteco com um inconfundível: Meu, foi falta. Fala sério, meu!

Confesso: Reconheço a minha enorme sorte de Formiguinha Viajante, mas a vida normal também é muito boa e tem seus confortos. As vezes morro de saudades de comer comida da mamae, de ficar em casa o dia inteiro de pijama ouvindo musica, encontrar casualmente um conhecido na rua e pasmem: de lavar louca, limpar a casa e de consertar um vazamento na pia.

Aaah amigos! Nada como o equilíbrio. A excitação, descoberta e aventura na estrada e a segurança, aconchego e calor de estar em casa.

Então ta então? Então ta então. Vou indo nessa colocar as minhas meias coloridas do Garfield pra fazer uma clássica, mas deliciosa gororoba de miojo com ovo. Ate o próximo post!